quinta-feira, 26 de junho de 2008

Centro Universitário de Caratinga – UNEC
Faculdade de Psicologia
5°Período vespertino
Psicologia Sócio-Histórica


Alunas: Adriana, Alessandra, Diunéia, Eliana e Maria dos Anjos



PROJETO DE PESQUISA

RESUMO
O presente trabalho tem como tema geral a mídia e o comportamento social, sendo o título proposto para a pesquisa “A mídia como fator de influência no comportamento social”. Partimos da premissa Piagetiana, para criar uma problematização. Segundo este autor, o homem conhece o mundo se relacionando com o objeto. Assim, surgiu-nos, curiosamente, a indagação a respeito do poder de influência da mídia sobre o comportamento social. O convívio social favorece as trocas, a interação entre os sujeitos. Tais trocas passam pela adoção de códigos e regras que prescrevem modelos de vida, de educação, de conceitos divulgados pela mídia. Daí a hipótese de que a mídia influenciaria no processo de subjetivação do sujeito ditando normas de conduta. Para o desenvolvimento deste trabalho foi realizada uma pesquisa bibliográfica relacionada ao tema bem como a aplicação de questionários preliminares sem contudo esgotar todas as possibilidades de verificação de todas as questões básicas da pesquisa que pretende-se oportunamente dar seguimento.

TEMA GERAL:
A mídia e o comportamento social

PROBLEMA:

O tema geral deste trabalho gira em torno da mídia e do comportamento social. Para falarmos de comportamento precisamos entender como ocorre o processo de desenvolvimento humano.
O homem nasce e é inserido em um ambiente repleto estímulos que podem ou não, serem incorporados pelo sujeito dependendo da forma como ele se relaciona com esse ambiente.
As características biológicas, inatas ao seres humanos, vão se desenvolver à medida que esses estímulos do meio são incorporados pelo sujeito que interage ativamente com o meio.

Segundo Aragão (2006) é na complexidade ocorrente da relação natural-cultural que se dá o desenvolvimento animal.

“A antropossociogênese tem estudado a hominização como processo imerso na história natural de onde emerge a cultura. Esse é um processo multidemensional e constituído por interelações, interações e interferências neste os fatores genéticos, ecológicos praxistas, cerebrais, sociais e culturais”. (Aragão, 2006)


Por tanto, a partir de algumas reflexões Aragão (2006) propõe a evolução do homem realiza-se nas interrelações físico-quimico-sócio-cultural.

“conclui-se que não há como cindir o homem, o inato passa a ser adquirido e o adquirido passa a ser o inato, no desenvolvimento e construção do se humano. Cultura e sociedade estão entremeadas quando o grupo social, a comunidade, produz conhecimento e se expressa via movimento. É isto que constitui a correlação cultura, motricidade, sociedade” (Aragão, 2006)

Nesse sentido faz-se necessário abordar a conceituação de motricidade humana para entendermos o contexto a que nos referimos. Aragão (2006) entende que

“a construção da motricidade humana ocorre em meio a um processo de questionamento dos pressupostos epistemológicos, está em busca da compreensão e da explicação das condutas motríceas, em ordem ao desenvolvimento do sujeito multidimensional e multireferencial inserido na sociedade e tendo como fundamento simultâneo o físico, o biológico e o antropossociológico”.

Para Godoy (1999) a motricidade é concebida como constituidora do homem. É pela ação motora, segundo o autor, pela sua intervenção concreta na natureza e na sociedade que o homem se humaniza. Godoy (2006) enfatiza ainda que tal ação provoca o planejamento de outras ações, reestruturando os movimentos humanos.

“O elemento fundamental na relação dialética entre ação motora e reflexão é o signo. Pela mediação do signo o movimento humano assume significado nas relações sociais. Este significado pode expressar-se como (...) forma de veiculação de idéias presentes na cultura”. (Godoy, 1999)


É essa forma motriz que permite ao homem se relacionar e perceber tudo que está a sua volta.

À medida que se desenvolve fisicamente, se relaciona com o meio, internaliza os símbolos, dá a eles significados de acordo com a cultura ao qual está inserido e vivencia cada fase de sua vida em um grupo de socialização (família, escola, grupo étnico).

É neste ambiente de interação com o mundo e significação que desde pequena a criança é colocada à frente da televisão e esta então se apresenta como parte integrante da família por ser uma boa “babá eletrônica”.
Nas várias horas do dia que a criança passa em frente a televisão ela internaliza diversos saberes que ultrapassam o aprendizado dos grupos sociais tradicionais.

Nesse sentido, utilizamos estudos em psicologia social para tentar entender a relação entre a mídia e o comportamento social.

Partindo da premissa Piagetiana de que o homem conhece o mundo se relacionando com o objeto surgiu-nos curiosamente a indagação a respeito do poder de influencia da mídia sobre o comportamento social.

A psicologia sócio-histórica fala sobre esse contexto da formação do homem que deve ser visto como um todo. Daí pensar neste trabalho como uma alerta tendo em vista a constância da mídia na vida das pessoas desde a infância até a vida adulta participando desta forma, ativamente na construção da subjetividade do sujeito. Sobre esse assunto, aborda Bock, at al, 2002, em seu livro Psicologias: uma introdução a psicologia, págs.276 a 287.

Assim, se os meios de comunicação participam da formação da subjetividade do sujeito, sendo formadora de opinião, divulgando a moda, notícias, a guerra, etc. teriam então, o poder de determinar o comportamento das pessoas? Seria ela capaz até de influenciar na violência, propagando-a?

TÍTULO PROPOSTO PARA A PESQUISA:
A mídia como fator de influência no comportamento social

OBEJTIVO GERAL:
Contribuir para a análise do poder de influência da mídia sobre a vida das pessoas.

OBJETIVO ESPECIFICO:
Analisar e avaliar o poder de influência da mídia sobre o comportamento social verificando influências positivas e negativas.

HIPÓTESE:
Nossa hipótese parte da seguinte afirmação de Aragão (2006).

“Frente as exigências da sociedade midiática e as relações mercadológicas impostas pelo sistema econômico, pessoas se tornam corpos, mercadorias comercializados pela industria cultural da beleza, do emprego e da saúde, em razão das relações estabelecidas pelo sujeito, considerando a natureza e a necessidade do convívio social que prescinde de trocas entre os sujeitos e deste com o mundo. Tais trocas passam pela adoção de códigos e regras que prescrevem modelos de vida, de educação. Modelos e conceitos divulgados pela imprensa televisiva, principalmente, e que acabam por ditar normas de conduta sobre o corpo e a própria vida”.


LEVANTAMENTO DAS QUESTÕES BÁSICAS DA PESQUISA:

Quais são os fundamentos teóricos que sustentam a importante relação entre a mídia e o comportamento social?
2. Qual é a concepção sobre os referenciais teóricos da mídia como fator de influência no comportamento social?
3. Quais são os fatores positivos da influência da mídia no comportamento social?
4. Quais são os fatores negativos da influência da mídia no comportamento social?
Quais são os indícios que levam a pensar que a mídia influencia de alguma maneira o comportamento das pessoas?
Como evitar que a mídia influencie negativamente no comportamento das pessoas?

DESENVOLVIMENTO (SEÇÕES DA DISSERTAÇÃO):

1. Introdução.
2. Relação entre mídia e comportamento social e as teorias que sustentam esta relação.
3. Influências da mídia na sociedade
4. Influencias da mídia no comportamento social.
5. Como evitar que as influencias sejam negativas?
6. Conclusões.
7. Considerações finais.

JUSTIFICATIVA:
Domingos Meireles, um dos mais premiados jornalistas da imprensa brasileira, apresentador do programa da Rede Globo, Linha Direta, desde 2000; em palestra proferida no dia 12 de junho deste ano no Esporte Clube Caratinga abordou o tema mídia e violência em um discurso sócio-histórico, voltado, em linhas tangencias para essa relação entre a mídia e a influência no comportamento social.
Nesta palestra, Meireles relatou sua experiência enquanto jornalista. Fatos reais que se transformaram em tragédia pela falta de bom senso na divulgação de informações pela mídia brasileira.
Um dos exemplos citados foi sobre uma reportagem que fez no Quartel de Medelim, um dos quartéis de Pablo Escobar, onde o índice de seqüestros em curso era de duzentos e sessenta e sete. Ele e o editor chefe precisavam ir à sala de imprensa gerar uma matéria para o Brasil. Solicitou então ao seu editor que não publicasse exatamente quantos seqüestros estavam em curso porque no Rio de Janeiro havia à época três seqüestros em andamento e aquela informação não serviria aos cidadãos comuns, mas ao mundo do crime que certamente analisaria a noticia como a possibilidade de expansão do mercado dos seqüestros. Depois de uma ampla discussão, relatou Meireles, que o editor chefe concordou em omitir essa informação com tanto detalhe.
Outra passagem narrada por Meireles foi sobre uma reportagem feita por ele em Santarém. Disse que se lembra de que as meninas de Santarém dançaram como as Chacretes do Chacrinha.
E ainda, quando fez uma reportagem sobre os transportes de valores. Ele verificou que os carros que faziam transportes de valores, naquela época, não tinham uma blindagem. Lembra-se de ter discutido com seu editor sobre os problemas que envolviam a divulgação de tal informação. Todavia, não lhe deram ouvidos. A matéria foi publicada e uma catástrofe foi desencadeada. Uma onda de assaltos a carros que transportavam valores e a conseqüente morte de seus motoristas e acompanhantes. Uma tragédia que segundo Meirelhes, poderia ter sido evitada.
Para o jornalista essa é uma discussão muito complicada porque em sua experiência profissional percebe que a televisão é uma multiplicadora de comportamentos.
Essa fantástica palestra trouxe a idéia de que o presente trabalho se justifica pela sua relevância social. Trazer a tona o debate a cerca do papel da mídia na vida das pessoas, no comportamento das crianças e adolescentes. Tal reflexão ultrapassa a psicologia social, sócio-histórica, para atingir núcleos antropológicos, sociais, culturais e torna possível até mesmo pensar nas questões que envolvem a censura na televisão. Qual o limite da liberdade de imprensa preceituada pela Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988? Será que há algum limite?
Nesse sentido, a problemática do presente trabalho se volta para a verificação da relação entre a mídia e o comportamento social no sentido de perceber se são positivas e/ou negativas, levando a reflexão do que poderia ser feito caso essas influências sejam verificadas como negativas.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS:
1. Estudo bibliográfico: mídia, comportamento social, interação social, criação de vínculos sociais, entre outros.
2. Pesquisa quantitativa, abordando aplicação de questionários em adolescentes do primeiro, segundo e terceiro ano do segundo grau na cidade de Caratinga/MG.

CRONOGRAMA:
Elaboração do Pré-Projeto de Pesquisa - Março de 2008
Elaboração do Projeto de Pesquisa - Abril de 2008
Realização de pesquisa bibliográfica - Maio de 2008
Aplicação da primeira amostra de questionários - Maio de 2008
Entrega do Projeto de Pesquisa - Junho de 2008
Análise estatística da primeira amostra de questionários aplicados

Questionário composto por cinco questões estruturadas com sim ou não que foi aplicado em trinta e quatro jovens com idade entre 15 - 17 anos, da escola Estadual Engenheiro Caldas, sendo 50% da amostra do sexo feminino e 50% do sexo masculino.

Na primeira questão quando perguntado: você já comprou algo influenciado pela divulgação da mídia (televisão, jornal, radio)?
85,29% da amostra responderam que sim; sendo que 44,12% dos que responderam sim eram do sexo feminino, e 41,12% do sexo masculino, e 14,71% responderam não, sendo 5,88% do sexo feminino e 8,82% do sexo masculino.

Na segunda questão: você já deixou de fazer algo (como sair de casa, viajar, entre outras coisas) em razão de uma noticia que tomou conhecimento através da mídia?
38,24% responderam que sim, sendo 20,59% do sexo feminino, e 17,65% do sexo masculino, e dos 61,76% que responderam não, 29,41% é representado pelo sexo feminino e 32,35% do sexo masculino.

Na terceira questão: você já adquiriu algum habito na vida cotidiana, devido e influencia da mídia?
47,06% da amostra responderam que sim, sendo que 23,53% das respostas sim é representado pelo sexo feminino, e 23,53% do sexo masculino, e os 52,94% que responderam não foi representado por 26,47% do sexo feminino e o mesmo percentual masculino.

Na quarta questão: você já adotou algum comportamento porque a mídia te convenceu que estava na moda?
50% da amostra responderam que sim, sendo que 32,35% eram do sexo feminino e 17,65% do sexo masculino e 50%responderam não representado por 17,65% do sexo feminino e 32,35% do sexo masculino.

Na quinta questão: você usa palavras em sua fala influenciadas pela fala de algum personagem da mídia?
67,65% da amostra responderam que sim, sendo representado por 41,18% do sexo feminino e 26,47% do sexo masculino, e 32,35% dos que responderam não 8,82% eram do sexo feminino e 23,53% masculino.

Como mostra a tabela abaixo:

CONCLUSÃO
Após verificação da bibliografia, palestras e documentários foi possível confirmar parte das questões básicas da pesquisa.
Neste sentido, a análise estatística preliminar apontou que de alguma forma a mídia age influenciando o comportamento social.
O questionário aplicado verificou as influências da mídia sobre o comportamento masculino e feminino. A análise estatistica avaliou as resposta de cada sexo e em seguida cruzou os dados obtidos para ambos os sexos.
Os resultados obtidos revelaram que as maiores influencias estão em fatores relacionados ao comércio, ao modismo e a incorporação de falas caracteristicas de personagem da televisão à vida cotidiana, tanto para homens quanto para mulheres.
Ressalta-se que ainda há questões a serem verificadas nesta pesquisa não tendo sido possivel até o presente momento responder à todas perguntas básicas levantadas.
Sendo assim, encontra-se em aberto este projeto de pesquisa para posteriores verificações.


BIBLIOGRAFIA

ARAGÃO, Marta Genú Soares. Motricidade Humana, cultura e sociedade: contribuições para a saúde. Extraído de http://atigocientifico.com.br/uploads/artc_1169955333_62.doc capturado em 15/06/2008 às 14:00

BELINTANE, Claudemir. Entre
pessoas e máquinas. In: Mente e cérebro. Série A mento do Bebê. V. 4

BOCK, A. B. Psicologia e Compromisso Social. São Paulo: Cortez, 2003.

BOCK, A.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M.L. Psicologias: uma introdução ao estudo da psicologia. 5.ed., S.P.:Saraiva,1993.

DAVIDOFF, L. L. Introdução à psicologia. São Paulo: McGraw-Hill, 1993
GODOY, Kathya Maria Ayres de. A arte no contexto da motricidade humana. IN: MOTRIZ. V. 5. n. 1 junho, 1999.

PASSOS, Maria Consuelo. Os pilares do sujeito. IN: Mente e cérebro. Série A mente do Bebê. V. 4

terça-feira, 24 de junho de 2008

Modelo do questionário aplicado

Centro Universitário de Caratinga – UNEC
Faculdade de Psicologia


Questionário aplicado por ocasião da pesquisa realizada por alunos do 5° Período da Faculdade de Psicologia da UNEC , sob a orientação do Professor Ricardo Assis; intitulada “A mídia como fator de influência no comportamento social”.


Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino

1.Você já comprou algo influenciado pela divulgação da mídia (televisão, jornal, rádio)?
( ) Sim ( ) Não

2.Você já deixou de fazer algo (como sair de casa, viajar, entre outras coisas) em razão de uma notícia que você tomou conhecimento através da mídia?
( ) Sim ( ) Não

3.Você já adquiriu algum hábito na vida cotidiana devido a influencia da mídia?
( ) Sim ( ) Não

4.Você já adotou algum comportamento porque a mídia te convenceu que estava na moda?
( ) Sim ( ) Não

5.Você usa palavras em sua fala influenciada pela fala de algum personagem apresentado na mídia?
( ) Sim ( ) Não